
Os manuais didáticos de realização cinematográfica replicam o paradigma da grande forma deleuziana, às vezes explicitamente, como nos livros de SYD FIELD. Outras vezes buscando uma linguagem mais ancestral arquetípica ou mesmo usando o conhecimento das críticas em seu favor com notas de pragmatismo e falsa liberdade. CRISTOPHER VOGLER e ROBERT MCKEE são respectivos exemplos destes paradigmas de reapresentação da grande forma como caminho de sucesso para uma história a ser mostrada.
A crise da grande forma é um questionamento legítimo dos contadores de história do século passado. Deleuze em sua análise da Imagem-Ação trás os elementos desta crise numa extensa análise e revisão crítica dos cinemas e sua práxis. Por que então ainda hoje manuais de roteiros trazem a grande forma como paradigma de história a ser contada? Até que ponto a desculpa de se ensinar um método pode trazer em seu interior este dogma de controle e cognição?
Esse ensaio pretende buscar subsídios para a reflexão sobre alguns aspectos dos atuais manuais de roteiro de cinema e consequentemente a maneira como se escreve, seleciona, realiza, assiste e se pensa as histórias que se querem mostrar no século XXI. As relações de causa e efeito se apresentam não como opção estética e sim como uma obrigação para a realização de textos, produção de imagens, sons e montagem de obras fílmicas. O caminho para sair do labirinto começa com o primeiro passo. O ensaio termina trazendo exemplo de realização recente de um pequeno vídeo onde a busca de relações de causa e efeito são substituídas por um trabalho de aplicação de direção facilitadora, dispositivo e fluxo criativo.
(Introdução de um artigo em que estou trabalhando sobre Manuais de Roteiro e Deleuze)
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